Um destes dias comprei um peixe que se chama Roncador. É claro que me deu logo vontade de rir na peixaria e só imaginei o peixe a roncar debaixo de água, eventualmente incomodando o resto do cardume, que lhe fazia: “Chiu!!” e tentava dormir enquanto o Roncador ressonava 🙂 Achei-lhe tanta graça que até o fotografei na banca do peixe, depois de pedir autorização pelos direitos de imagem ao próprio, claro!

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Depois desta introdução delirante, quero dizer-vos que, apesar do estranho nome, o peixe é muitíssimo saboroso. É parecido com a corvina, mas mais suculento e mais barato (tenho comprado fresco entre os 6 e os 7 euros/quilo, no Lidl). É um peixe com alguma gordura, bom para fazer no forno, para grelhar ou para fazer massas, arrozes e outro tipo de comidas de tacho. Eu comprei um roncador com cerca de 3 quilos, trouxe-o inteiro, arranjei-o em filetes e lombos e guardei uma parte (rabo, cabeça e carcaça) para fazer estes pastéis de peixe.
Ficaram deliciosos, gulosos mesmo! O meu marido não é muito de peixe e adorou. Fiz cerca de duas dezenas e congelei. Cada vez que servi os pastéis o Rui disse: “Isto é muito bom!”. Tanto podem ser servidos como entrada, como acompanhados com arroz e salada e fazerem um belo prato principal. São feitos no forno, pelo que têm muito pouca gordura. Experimentem!
Ingredientes para 20 pastéis:
3 postas de Roncador (ou uma cabeça e um rabo grandes)
1 cebola grande
0,5 dl de azeite
3 dentes de alho
2 tomates chucha ou de cacho bem maduros
1 colher de chá de açafrão em pó
1 colher de café de cominhos moídos
1 colher de café de sementes de coentros
2 colheres de sopa de coentros frescos 
Sal e pimenta qb
1 malagueta vermelha
1 folha de louro
20 folhas de massa brick (uma por cada pastel)
Preparação:
Deite o azeite num tacho, a cebola e os alhos picados grosseiramente e o tomate desfeito em pedaços. Junte o peixe. Tempere de sal e pimenta. Junte a folha de louro e a malagueta cortada em pedacinhos. Num almofariz, moa bem os cominhos e as sementes de coentros. Junte o açafrão em pó. Moa e misture tudo e depois adicione esta mistura em pó ao peixe. Adicione também metade dos coentros frescos picados. Deixe o peixe estufar, com o lume médio e o tacho tapado, até estar bem cozinhado e ter ganho um molho grosso e suculento.
Quando estiver pronto, desfie o peixe, retirando todas as peles e espinhas. Para obter uma pasta cremosa para o recheio dos pastéis, fiz o seguinte: deitei metade deste preparado no processador de alimentos (ou picadora) e triturei. A outra metade, desfiz grosseiramente com um garfo. Desta forma obtive uma pasta cremosa, mas onde encontramos alguns pedacinhos de peixe. Misturei tudo, juntei os restantes coentros frescos, retifiquei de sal e levei novamente ao lume durante 2 minutos para engrossar e envolver bem todos os sabores. Convém deixar arrefecer este creme antes de rechear os pastéis.
Para montar os pastéis, optei pelo formato de chamuça. Cortei cada folha de massa brick em dois, coloquei uma parte em cima da outra, pincelando com um pouco de azeite entre as duas. Depois coloquei o recheio numa ponta e fui dobrando a massa em triângulos, como se faz com as chamuças (ver foto). No fim devemos “colar” a ponta final com mais um pouco de azeite ou outra gordura.
Estes pastéis podem ser congelados, basta colocar papel vegetal entre cada um e guardar em saquinhos. Deve ser utilizada massa brick e não massa philo porque a massa brick é mais fácil de trabalhar, não se rasga e pode ser congelada sem se desfazer quando descongela.
Para confecionar os pastéis, retire-os do frio meia hora antes (no mínimo) e disponha os pastéis num tabuleiro forrado com papel vegetal. Pincele cada pastel com um pouco de azeite e leve ao forno a 180ºC durante 10 a 15 minutos ou até a massa estar estaladiça e corada.

Bom apetite! Comam bem e de forma saudável!