Esta receita de Broas Castelares chegou até mim, num primeiro momento, já em forma de broa. O meu marido chegou a casa com uma broa (apenas uma, vejam só!!) e disse que eu tinha que provar porque era muito boa. E era! Muito boa mesmo! Uma colega de trabalho dele, a Maria, levou algumas para partilhar, explicando que são as broas que a avó faz há muitos anos (décadas, direi…) sempre por esta altura do Natal. A D. Arminda Barbosa, 73 anos, natural de Rio Maior, deve ter mãos de fada para fazer umas broas assim e ainda teve a enorme gentileza de ceder a receita, que a neta nos entregou com carinho e orgulho.
Em bem compreendo o que é ter uma avó de quem gostamos muito e que nos orgulha com as coisas boas que faz, porque eu sou uma neta muito babada e também aprendi algumas receitas deliciosas e cheias de preceito com a minha avó Lurdes. Neste caso, propus-me a fazer justiça à receita da avó da Maria. Ora, se gostei tanto das broas, não podia ficar à mercê que me trouxessem uma (apenas uma!!) de vez em quando. A Maria lá pediu a receita e a cedência dos direitos de autor à D. Arminda para que agora eu conseguisse partilhar convosco esta maravilha.
Nunca tinha feito broas castelares, felizmente correu bem à primeira. A avó da Maria ainda não as provou, mas a Maria já e gostou. Cá em casa todos adoraram, incluindo a minha avó, que ficou encantada com as broas. Tenho obrigação de avisar que são um pouco viciantes, ficam muito molinhas, comem-se bem… e rápido. A receita rendeu quase 80 broas e, entre familiares, amigos e colegas de trabalho, desapareceram todas em 48 horas…

 

Ingredientes para 70 a 80 broas:

Um quilo de açúcar
Meio quilo de água (pese a água)
Um quilo de batata doce, pesada depois de cozida e descascada (em cru deve ter cerca de 1,2 kg)
125 gramas de côco ralado
5 gemas de ovo + gemas suficientes para pincelar as broas (3 a 4 gemas)
250 de miolo de amêndoa descascada e moída
Raspa de três tangerinas ou raspa de um limão (usei raspa de meio limão e de meia laranja)

Preparação:

Deite o açúcar e a água num tacho e deixe ferver até ficar da cor do óleo Fula antes de ser usado (amarelo muito claro). Esta era a indicação da receita da D. Arminda e eu achei, desde logo, este detalhe maravilhoso! Fiz algumas pesquisas e com a experiência de ter posto em prática a receita, posso dizer que devem deixar o açúcar em ponto de espadana (120º) o que, de facto, corresponde à cor do óleo Fula 🙂 Como em qualquer calda de açúcar, misturem o açúcar com a água apenas antes de levarem ao lume e depois abanem o tacho de vez em quando, mas não mexam com colher para não cristalizar.
Coza a batata doce com casca, depois descasque-a e esmague com esmagador (foi como fiz) ou passe pelo passe vite (não usar varinha mágica). Junte a calda de açúcar à batata doce já esmagada e misture. Junte as raspas dos citrinos, o coco e amêndoa moída.
Deixe arrefecer um pouco e junte as gemas ligeiramente batidas. As gemas não devem ser misturadas com o preparado muito quente para não cozerem. Misture tudo bem e, quando as gemas estiverem envolvidas, leve ao lume no tacho uns minutos até o preparado atingir o ponto de estrada.
Reserve até ao dia seguinte. Eu coloquei o preparado numa taça grande de vidro, tapei com película aderente e guardei no frigorífico.
No segundo dia… a receita original dizia para tender as broas com muita farinha nas mãos, mas a minha massa ficou mesmo molinha e eu acabei por moldar as broas com duas colheres de sopa, como se faz com os pastéis de bacalhau. Forrei o tabuleiro do forno com papel vegetal e polvilhei com farinha. Fui dispondo as broas, achatei cada uma um pouco, deixando-as ligeiramente côncavas no meio para “reterem” a gema de ovo.
Levei ao forno pré aquecido a 200º durante 15 minutos. O tabuleiro deve estar na zona superior do forno e as broas devem cozer o tempo que indico ou até estarem tostadinhas. Retire-as cuidadosamente com uma espátula e deixe arrefecerem.
A D. Arminda sublinhou que o ponto do açúcar é a questão crucial da receita. A calda não deve ser mexida, apenas podemos abanar o tacho de vez em quando. O açúcar deve ficar no ponto indicado, nem mais nem menos. Pela experiência que tenho em trabalhar com batata doce, e esta receita também o comprovou, a qualidade de batata e a forma como absorve a água durante a cozedura também é importante. Penso que as minhas broas ficaram mais molinhas do que as “originais” por causa, precisamente, da batata. Estavam ótimas, o único “problema” é que, assim, ainda são mais fáceis de comer…
 
Bom apetite e boas festas!