Desconheço se tenho uma “costela” alentejana, mas toda a minha família é do ribatejo e por aqui também confecionamos açordas, sopas de pão e outras receitas deliciosas em que usamos o excelente pão português como base. Fui, pois, habituada a comer açorda desde sempre e recordo o sabor maravilhoso da açorda da minha avó e da minha mãe. Mesmo que o almoço fosse “apenas” uma simples açorda de alho e coentros para acompanhar peixe frito, por exemplo, era sempre uma delícia.
Mais tarde comecei eu a fazer açorda, sempre inspirada nesses sabores.
Tanto gosto de fazer a açorda mais simples, de alho e coentros, como a açorda de ovas ou de camarão. Mas uma açorda de bacalhau também é algo fantástico! Como nós, portugueses, gostamos de bacalhau e de pão com tudo e de todas as formas, a conjugação dos dois alimentos não podia ser mais feliz 🙂
E esta receita hoje vem mesmo a calhar porque a dieta mediterrânica acabou de ser classificada pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade. Parabéns!
Deixo-vos, então, a receita para 4 pessoas:
1 pão alentejano grande partido em cubos (miolo e côdea)
4 postas de bacalhau (+ ovas se gostarem)
3 tomates frescos muito maduros
1,5 dl de azeite
6 dentes de alho
água da cozedura do bacalhau
sal qb
1 ramo de coentros
1 ovo
Salada de tomate para acompanhar
Cozo o bacalhau com um dos dentes de alho e reservo a água. Lasco o bacalhau, retirando todas as peles e espinhas. Num tacho, coloco o azeite e os restantes alhos esmagados. Deixo “puxar” os alhos e, quando estiverem a saltar no azeite, adiciono metade do molho de coentros picados, bem como o tomate em pedaços. Deixo refogar um pouco e depois junto o pão que foi partido em cubos. Mexo bem e vou adicionando a água da cozedura do bacalhau que deve estar a ferver. Vou mexendo até o pão amolecer.
A partir daqui, penso que se trata de uma questão de gosto pessoal. Há quem goste de deixar os pedaços de pão inteiros, há quem goste da açorda mais molinha ou mais sólida. Eu gosto que a açorda fique “presa”, mas cremosa. Ou seja, não fica líquida nem muito mole, mas fica cremosa e homógenea. Para isso, passo o pão (depois de embebido na água a ferver) no “pass vite” (passador mais largo). Depois de ter o pão todo desfeito, volto ao lume, acrescento um pouco mais de água se necessário e mexo tudo muito bem até obter a consistência desejada e até a açorda estar a ferver. Junto o bacalhau em lascas e misturo. Retifico de sal. Se gostarem, juntem também um pouco de ovas de bacalhau cozidas, já experimentei assim e também ficou bom.
Depois de retirar do lume, acrescento-lhe uma ou duas gemas de ovos para ligar tudo e o resto dos coentros picados. Sirvo com salada de tomate.
Bom apetite! Comam bem e de forma saudável!